Imigrantes em todo os Estados Unidos estão organizando uma paralisação nacional entre os dias 9 e 15 de junho, em protesto contra as medidas adotadas recentemente pelo governo federal na área de imigração. A ação, batizada de “Semana Sem Imigrantes”, pretende expor a relevância econômica e social das comunidades imigrantes e denunciar a intensificação das operações conduzidas pelo Departamento de Imigração e Alfândega (ICE).
Durante o período, os organizadores pedem que os imigrantes se abstenham de trabalhar, consumir, gastar dinheiro ou circular em espaços públicos. A ideia é demonstrar, por meio da ausência, o impacto diário que milhões de trabalhadores estrangeiros exercem sobre setores cruciais da economia norte-americana, como construção civil, limpeza, transporte, alimentação e cuidados pessoais.
A iniciativa surgiu em resposta à política mais agressiva do ICE, que tem realizado detenções de imigrantes sem antecedentes criminais, incluindo pais de família, membros de longa data das comunidades locais e profissionais legalmente estabelecidos no país.
Em comunicado divulgado nas redes sociais e em grupos comunitários, os organizadores foram enfáticos: “Não aceitaremos mais viver sob o medo constante. Não somos criminosos. Somos a base da economia americana. É hora de o país reconhecer isso.”
A campanha também convoca pequenos empreendedores imigrantes a fecharem seus negócios durante a semana, reforçando o movimento com adesão do setor informal e de microempresas. O apelo inclui uma preparação prévia por parte das famílias participantes, com o armazenamento de alimentos e o alinhamento com chefes e vizinhos sobre a motivação do ato.
Além da manifestação silenciosa, o movimento busca reverter a narrativa pública que associa imigração à ilegalidade. Segundo os organizadores, o trabalho dos imigrantes é frequentemente invisibilizado, apesar de essencial para o funcionamento de serviços urbanos e para a sustentação de atividades que impactam diretamente o cotidiano da população americana.
A frase central da campanha — “Não somos criminosos. Somos a fundação” — sintetiza o tom do protesto: uma defesa firme da dignidade, da justiça e do reconhecimento para milhões de pessoas que vivem e trabalham nos Estados Unidos há anos, muitas delas sem status migratório formal, mas com profundo vínculo com o país.
A expectativa é que a paralisação ganhe força nacional e pressione autoridades e legisladores a repensarem as atuais diretrizes migratórias. Para os organizadores, o protesto não se trata apenas de resistência, mas de uma demonstração de poder coletivo.
“Não é um boicote. É um lembrete: sem imigrantes, os Estados Unidos param.”